Euterpe, na Batida Brasileira

Este início de mês é de forte efervescência cultural! Nós estamos aproveitando para cuidar de nossa formação, pois acreditamos que assistir a bons espetáculos, shows e conversar com gente talentosa faz parte desse processo.


A I Mostra SESC Amazônia das Artes, que iniciou ontem, está contribuindo bastante para o nosso aprimoramento. Na noite de abertura, assistimos ao show da cantora e compositora Euterpe. 


“Euterpe – Batida Brasileira – é um espetáculo com a música popular brasileira produzida atualmente no extremo norte do Brasil. Em seu repertório, composições próprias e composições da região. Os temas são dinâmicos e multiculturais, privilegiando ritmos como o xote bragantino, o carimbó, a guitarrada, o samba de cacete, os batuques afro-amazônicos, as influências indígenas e ritmos caribenhos como a salsa e a cúmbia.”

Essa jovem cantora e compositora de Roraima é parceira e conterrânea do poeta Eliakin Rufino, cujos poemas declamamos na performance Vozes da Floresta, e é ele quem dirige o show de Euterpe: Batida Brasileira.



Gostamos da cantora, gostamos do show, gostamos do nome da cantora que é o nome científico do açaí e, também, da musa da música e da poesia lírica na mitologia grega. Euterpe e sua produção musical fazem jus ao nome!




Assim que o show acabou fomos conhecer e cumprimentar os artistas. Adquirimos para o nosso acervo o cd Batida Brasileira, o primeiro com dedicatória feita aos grupos Tatamirô e PIUM.
Euterpe quis rever Heluana Quintas que conhecera em Roraima, em um festival onde a Banda Mini Box Lunar se apresentou.







Os poetas Herbert Emanuel e Eliakin Rufino se reencontraram e promoveram um intercâmbio de livros. Cada qual presenteou o outro com o sua mais recente publicação: Herbert deu o RES e Eliankin, o seu Haikai.




Cavalo Selvagem

                                  Eliakin Rufino

eu sou cavalo selvagem
não sei o peso da sela
não tenho freio nos beiços
nem cabresto
nem marca de ferro quente
não tenho crina cortada
não sou bicho de curral
eu sou cavalo selvagem
meu pasto é o campo sem fim
para mim não existe cerca
sigo somente o capim
eu sou cavalo selvagem
selvagem é minha alegria
de ser livre noite e dia
selvagem é só apelido
meu nome é mesmo cavalo
cavalo solto no pasto
veloz carreira que faço
lavrado todo atravesso
caminhos no campo eu traço
eu corro livre galope
transformo galope em verso
eu sou cavalo selvagem
sou garanhão neste campo
eu sou rebelde alazão
sou personagem de lendas
sou conversa nas fazendas
sou filho livre do chão
eu sou cavalo selvagem
meu mundo é a imensidão 

Uma gramática todo chão – a propósito de Manoel de Barros

                                         Herbert Emanuel

a palavra anuroso
se arrasta
de areia e pedra

a palavra anuroso
às vezes é seca
às vezes oleosa
mas nunca pede
desculpas

a palavra anuroso
descreve um círculo
no ar
quando se mete
a pássaro
ou quer ser difícil

a palavra anuroso
se resvala de lodo
e é ácida
quando pega
com impaciência

a palavra anuroso
se doura de tanto sol
em sua pele

a palavra anuroso
sai quando
ninguém pede
e se perde

quando todos acham
que a encontraram

a palavra anuroso
é dada a caprichos
só a tem quem corre
o risco
de se escrever
como barro
signo viscoso –
e esculpir-se
amorosamente
                     

 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"AMAR É UM DESERTO E SEUS TEMORES"

José Paulo Paes e a literatura que encanta adulto e criança

Dulcinéa Paraense: a flor revelada