POR UMA ÉTICA PLANETÁRIA


(...) O grande desafio que nos colocamos, hoje, enquanto seres humanos preocupados com a defesa da natureza e a busca de uma nova forma de solidariedade é o seguinte: ou criamos processos de subjetivação que possibilitem a abertura para outro, não mais visto como ameaça, como um elemento desestabilizador, mas enriquecedor de nossas vidas humanas e planetárias (e aqui não importa tanto saber se são palestinas, brasileiras, israelenses, americanas), capaz de engendrar um novo tipo de solidariedade (para além dos direitos humanos), uma solidariedade planetária, entre todos os seres vivos, repensando criticamente o papel e a importância dos seres humanos nesse processo; ou então tudo ficará na mesma: o mesmo e velho ovo-ódio do outro chocado milhões de vezes, por séculos e séculos. Até porque, como diz a psicanalista Suely Rolnik, “(...) Não há defesa eficaz da vida sem esta mudança em nosso modo de subjetivação, sem esta ruptura com a modernidade, no âmago mesmo de nossa alma, sem esta abertura para o estranho-em-nós, que é mais do que o simples respeito democrático pelo outro em seus direitos e deveres, pois é um desejo de se deixar afetar pelo outro, é um amor pela alteridade, pelo devir e a incerteza criadora.” (ROLNIK, 2005, p. 28).

Herbert Emanuel




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