Despaupério de Torquália

O vídeo do Ronix marcou com beleza a interação do grupo que se prepara para o XIX Congresso Brasileiro de Poesia, em Bento Gonçalves-RS. É bom nos ver pelos olhos e também, nesse caso, pelas lentes de outra pessoa.



Nascido da leitura do poema Cogito de Torquato Neto, O poema Um Despaupério de Torquália de Herbert Emanuel fala dessa vidência dos sensíveis.



UM DESPAUPÉRIO DE TORQUÁLIA
                                
nada de mais
se o muro é pintado de verde
não sei se ainda quero ver-te
neste país do carnaval

lírico demais
se os planos são enganos
pra mim tanto faz
as perdas e os danos

“eu sou como sou: vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim”

nada de mais
se o poeta é um anjo torto
a tarde já nos traz
o corpo de um outro morto

agora não se fala mais
toda palavra é uma cilada
o início pode ser o fim
do começo que não deu em nada

“eu sou como sou: vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim”

nada de mais
se quiserem roer o osso
já não estou nem aí
com geléia até o pescoço

nada de mais
se a palavra  é precipício
o que fica tanto faz
a poesia já não corre risco


Herbert Emanuel

Comentários

  1. Gostei do mote: "eu sou como sou: vidente e vivo tranqüilamente todas as horas do fim”. o rítmo das palavras e o fatalismo da mensagem...
    Fernando

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  2. Não existe o termo despaupério, o correto é DESPAUTÉRIO.

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