Benedito Nunes - o Sábio da Estrela (1929-2011)




Tive o privilégio de conhecer e ser aluno do professor e filósofo paraense Benedito Nunes, na década de 80, quando cursava Filosofia na Universidade Federal do Pará. Sua sabedoria e extremada generosidade me marcaram profundamente. Com ele aprendi a gostar ainda mais de filosofia e, principalmente, a entender melhor a relação existente entre esta e as artes. Participei de alguns encontros em sua casa, para estudar Heidegger, um dos seus filósofos preferidos. Éramos um grupo bem pequeno de jovens estudantes de filosofia, ávidos por conhecimento, que o professor Benedito Nunes, compreensivo e generoso, acolhia em sua casa.

a casa
- como um ventre
nos acolhe
morada íntima
a casa é muito mais
que paredes e tijolos

a casa somos nós
nós a construímos
com nossos devaneios
nós nos construímos

Ficávamos deslumbrados – eu, sem dúvida – com tanta sapiência. Saíamos de lá felizes com os vários livros que ele nos emprestava e, às vezes, nos presenteava. Eu mesmo guardo na minha biblioteca alguns números da revista “Le Temps Modernes”, dirigida pelo filósofo existencialista Jean Paul Sartre, que ele me deu.

Benedito Nunes foi - e será sempre, pois seu pensamento permanece através dos muitos livros e artigos que escreveu - um grande mestre da filosofia que soube, como poucos, com maestria, articulá-la com as demais áreas do saber humano, principalmente com a literatura. Era sempre uma experiência instigante e saborosa assistir às suas aulas, cursos e palestras. Um grande sábio, sem dúvida, o “Sábio da Estrela”, como era chamado carinhosamente, pois residia numa rua denominada “Travessa da Estrela”, no bairro do Marco, em Belém do Pará. Ele  iluminou com sua brilhante sabedoria toda uma geração de alunos. Eu fui um deles.

Herbert Emanuel

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