Vonnegut e o tremor de tempo

Por Ezequias Corrêa




Durante as férias dos meses de janeiro e fevereiro, comprei alguns livros em uma loja no centro de Macapá, entre esses livros que, diga-se de passagem, estavam com preços bem acessíveis e, portanto, cabíveis ao meu parco orçamento, encontrei uma obra fantástica de um autor até então desconhecido de mim e de grande parte de meus amigos leitores. O livro do qual estou falando é “Timequake” do escritor Estadunidense Kurt Vonnegut. É uma das últimas produções literárias de Vonnegut - falecido no ano de 2007 em circunstâncias trágicas.
O romance conta a história de um tremor de tempo ocorrido em 13 de fevereiro de 2001 que fez com que o universo parasse de se expandir e regredisse até o dia 17 de fevereiro de 1991. Ao contrário da maioria dos livros e filmes de ficção científica em que os personagens voltam no tempo para mudar seus destinos, em “Timequake” Vonnegut foge a esse clichê e obriga os seus personagens a fazerem as mesmas coisas que tinham feito antes. Dez anos de um completo flash Bach.
         O texto de “Timequake” é recheado de referências autobiográficas, desde o massacre da cidade de Dresden, em 1945, que o autor presenciou, até a morte de seus dois irmãos, Bernard e Allie, e da primeira esposa, Jane, vítimas do câncer. Os principais acontecimentos da vida de Kurt Vonnegut se misturam com o cotidiano dos personagens Kilgore Trout (alter ego do escritor), Monica Pepper, Zoltan Pepper e Dudley Prince; o próprio Vonnegut se torna uma personagem, na medida em que utiliza o enredo para rememorar fatos marcantes de sua existência, com um tom saudosista de quem já está se despedindo.


Considero Kurt Vonnegut um escritor de excelência e que, sem dúvida, recebeu a influência de mestres da literatura moderna como Aldous Huxley, George Orwell e outros, todavia a crítica ao progresso tecnológico por parte de Vonnegut é amenizada pelo tom irônico e bem humorado de sua escrita, isso o difere dos escritores acima citados. 

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